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A Economia do Cuidado: o trabalho invisível que move o mundo

A Economia do Cuidado: o trabalho invisível que move o mundo

A Economia do Cuidado: o trabalho invisível que move o mundo

Você já ouviu falar em economia do cuidado? Talvez o termo ainda soe distante, mas a verdade é que ele está presente no cotidiano da maioria das famílias — principalmente nas mãos das mulheres.

Segundo um estudo citado no podcast O Assunto, apresentado por Natuza Nery, se mulheres e meninas recebessem por todo o tempo dedicado a tarefas domésticas e cuidados com a família, formariam um país com o quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo. Isso mesmo. Estamos falando de um valor econômico equivalente ao de potências globais.

Mas por que isso acontece? Porque o trabalho de cuidado — como lavar, passar, cozinhar, limpar, acompanhar crianças, idosos ou pessoas doentes — não é contabilizado nas estatísticas tradicionais da economia, embora seja essencial para o funcionamento da sociedade.

O que é a economia do cuidado

A economia do cuidado engloba todas as atividades voltadas para o bem-estar de outras pessoas: o cuidado físico, emocional e social. É o trabalho que sustenta o dia a dia das famílias, permitindo que outras pessoas possam estudar, trabalhar, produzir e consumir.

Esse tipo de trabalho pode ser remunerado — como é o caso de babás, cuidadoras, enfermeiras, empregadas domésticas — ou não remunerado, que é o caso da maioria das mulheres dentro de casa. É aí que está o ponto-chave do debate.

De acordo com a ONU Mulheres, as mulheres realizam três vezes mais trabalho de cuidado não remunerado do que os homens. Isso não só sobrecarrega física e emocionalmente, como também compromete o tempo disponível para estudar, se qualificar e crescer profissionalmente, perpetuando desigualdades econômicas e sociais.

Por que precisamos falar sobre isso

A invisibilidade do trabalho de cuidado reforça uma estrutura econômica desigual. Quando esse trabalho é ignorado nas políticas públicas, não há incentivo para criar creches, centros de convivência, apoio a idosos ou serviços comunitários que poderiam aliviar a carga das famílias — e especialmente das mulheres.

Além disso, essa realidade impacta diretamente a autonomia financeira feminina. Uma mulher que se dedica integralmente ao cuidado, sem remuneração, muitas vezes fica sem aposentadoria, sem proteção social e com dependência econômica.

Reconhecer a economia do cuidado como parte fundamental da economia é essencial para desenvolver políticas mais justas, sustentáveis e humanas.

Qual o caminho?

  1. Reconhecimento: O primeiro passo é reconhecer o valor do cuidado. Isso começa dentro de casa, nas relações familiares, e se estende à sociedade e ao Estado.

  2. Redistribuição: O cuidado precisa ser repartido de forma mais justa entre homens e mulheres, com incentivo à paternidade ativa, políticas de licença igualitária e mudanças culturais.

  3. Remuneração e proteção: Profissionais do cuidado precisam ser valorizados com salários justos, direitos trabalhistas e previdenciários, além de condições dignas de trabalho.

  4. Investimento público: Mais creches, escolas de tempo integral, atendimento domiciliar e programas de apoio às famílias. Cuidar também é um investimento.

Cuidar é trabalho. E trabalho tem valor.

Falar sobre economia do cuidado é dar visibilidade a milhões de pessoas — em sua maioria mulheres — que sustentam o tecido social com dedicação silenciosa. O cuidado não pode mais ser tratado como “obrigação natural”, e sim como um valor econômico, social e humano que precisa ser reconhecido, valorizado e compartilhado.

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